Dom
Josef de Kesel é alvo de polêmica menos de um mês
após assumir a arquidiocese
de Bruxelas
Menos de um mês depois de assumir a arquidiocese de
Mechelen-Bruxelas, na Bélgica, dom Jozef de Kesel já está no olho do furacão em
seu país – um país que tolera legalmente a eutanásia. Por quê? Porque o novo
arcebispo da capital belga afirmou categoricamente que nenhuma instituição
católica está autorizada a ser palco de “assassinatos de ‘misericórdia’”.
Dom Jozef declarou, em uma de suas primeiras
entrevistas, que os hospitais e clínicas católicos têm todo o direito de se
recusar a cooperar com a eutanásia e com o aborto. A afirmação do arcebispo foi
ecoada na mídia por Paul Russell, da “Hope”, uma coalizão de grupos e
indivíduos que se opõem à legalização da eutanásia e do suicídio assistido.
Paul Russell observa que a lei atual na Bélgica data de
2002, quando foi aberta a brecha para a realização de um ato de eutanásia. Não
se tratou, porém, de uma completa legalização da prática em si. Aliás, Russell
cita uma afirmação de Fernand Keuleneer, da Comissão de Avaliação da Eutanásia,
que reconheceu: “É errôneo argumentar que a lei obrigue os hospitais católicos
a aplicarem a eutanásia”.
Os comentários de dom Jozef foram recebidos com
desprezo por alguns funcionários públicos, nomeadamente por Wim Distelmans,
vice-presidente da Comissão de Avaliação da Eutanásia, que rebateu: “Se o
direito à eutanásia é rejeitado, então isso é problemático”.
“A vida das instituições católicas tem que seguir a
lei”, acrescentou um membro liberal do parlamento, Jean-Jacques De Gucht.
“Todas as instituições devem garantir que os pacientes que cumprem os
requisitos legais [para a eutanásia] tenham acesso a ela”, emendou sua
companheira de partido, Valerie Van Peel.
Já o professor de ética Willem Lemmens observou que
esta posição forte do arcebispo não é coerente com a prática atual das
instituições católicas da arquidiocese. Lemmens diz que todas as grandes
instituições católicas de cuidados médicos na região adotaram nos últimos anos
orientações e acordos que “permitem a eutanásia”, seja em suas próprias
instituições, seja em outras para as quais elas remetem os seus pacientes.
Entretanto, não há nada no artigo de Russell que refute
essa afirmação, embora o mais provável seja que as políticas dessas
instituições católicas estejam apenas seguindo a doutrina: a Igreja acolhe o
curso da natureza quando se considera que uma intervenção médica faria mais mal
do que bem a um paciente terminal. Trata-se apenas de ser contra a obstinação
terapêutica, o que, obviamente, passa muito longe de ser equivalente a aceitar
a eutanásia.
Fonte: http://pt.aleteia.org/2016/01/07/arcebispo-belga-e-criticado-por-ser-firmemente-contrario-a-eutanasia-nos-hospitais-catolicos/?utm_campaign=NL_pt&utm_source=topnews_newsletter&utm_medium=mail&utm_content=NL_pt-