Excelentíssimos Senhores Legisladores das
Egrégias Casas Legislativas: Federal (Senado e Câmara), Estaduais e Municipais,
da República Federativa do Brasil.
Por dever de consciência e cidadania, devo me manifestar. Considerando
o bem da comunidade humana e meu minúsculo papel como comunicador e formador de
opinião, resolvi fazê-lo através desta Carta Aberta.
Antes do consenso, o bom senso. Antes de ser padre, fui batizado
cristão e educado no Temor a Deus. Mas,
antes mesmo de ser batizado cristão, nasci de forma natural, como qualquer
homem ou mulher de qualquer cor, credo, raça, idioma e nação. Portanto, antes de ser cristão, sou cidadão!
Cidadão com direitos e deveres civis para contribuir no processo democrático,
quer como eleitor, quer como formador de opinião pelo trabalho que exerço de
modo público, no púlpito ou nos meios de comunicação.
Valho-me desta Carta Aberta para reclamar dos agentes políticos o
dever de representatividade com BOM SENSO. Onde está o bom senso da IDEOLOGIA de
GÊNERO? Insisto: digo-o como pessoa humana, como cidadão, NÃO COMO CRISTÃO.
Acaso cada um dos (as) senhores (as) legisladores (as), independente
do SEXO e independente da “opção sexual”, não nasceu como todas as pessoas
nascem? Fruto do relacionamento sexual entre um homem e uma mulher? Poderia
alguém ter sido concebido fora desse ESQUEMA
IMUTÁVEL da natureza?
Permitam-me ecoar o óbvio, para que o julgamento de valores não seja
ridicularizado.
Quando a matemática junta DOIS
IGUAIS, 1 com 1, forma sempre dois, invariavelmente. Não acontece um
TERCEIRO jamais. Esse é o pragmatismo da lógica, que, querendo ou não, regula a
natureza.
Quando a natureza junta DOIS
DIFERENTES, homem e mulher, macho e fêmea, forma, variavelmente, um
terceiro (ou dois terceiros ou três terceiros ou quatro terceiros e assim por
diante, até o limite da gestação).
E outro modo, CIENTIFICAMENTE falando, não há de fazer acontecer esses
terceiros sem a obrigatória união de 2 diferentes entre si.
E isto não é credo religioso, não! É regra da natureza. Mais que uma
regra estável e permanente, é uma regra imutável, gostem ou não os indivíduos
que permanecem livres para viver ou não segundo tal regra. É assim desde sempre
e será assim para sempre. Independente de progresso científico e tecnológico e
independente das regras institucionais e legais (morais ou não), nada será
alterado nesta regra perpétua da NATUREZA (onde está o senso ecológico e
naturalista nesta hora???).
Perdoem-me os legisladores a incômoda franqueza que devolve a eles a
insignificância da regra civil diante da regra natural e, ao mesmo tempo,
impõe-lhes a nobilíssima importância de legislar para o bem comum da maioria
(ou não é este o princípio da democracia?), e não das particularidades de
grupos minoritários (não seria este o princípio de qualquer modelo
totalitário?).
Logo, fato é: a regra mutável de uma lei civil, ainda que global,
jamais terá poder de mudar a regra imutável de uma lei natural tão inflexível
quanto a condição de existência do ser humano: um ser humano só passa a existir
se outros dois seres humanos diferentes entre si sexualmente, fornecerem seus
gametas (um masculino e outro feminino).
Portanto, vale frisar para ‘acordar’ o BOM SENSO da apatia moral
idealizada pelo esforço de consenso da IDEOLOGIA de GÊNERO: para que exista um
terceiro (uma nova vida, cujos direitos constitucionais já estão pré garantidos
pela Carta Magna) é condição sine qua non
(sem a qual não existe) que haja um GAMETA MASCULINO e um GAMETA FEMININO.
Como aprovar uma IDEOLOGIA de GÊNERO, que imporá uma quase indução
ideológica às crianças que sequer tem desenvolvimento físico, mental e
emocional para bem compreender aqueles desejos que elas não estão, pela estrutura
da natureza, habilitadas para usar ou que sequer foram ainda exatamente
despertados nelas?
Isto é uma violência sem precedentes contra a natureza em
desenvolvimento da criança, precoce ainda para as funções sexuais. Tanto é
verdade isto que os pequenos organismos das crianças, sequer estão capacitados
para gerar e desenvolver a primeira fase de uma vida humana, que segue sendo
fruto de uma relação sexual natural entre um indivíduo masculino e um indivíduo
feminino. Ou é mentira o que eu digo?
E, mais uma vez, não se trata aqui de preceito religioso. É puro BOM
SENSO pautado nos fatos que regem a vida de todos os adultos, os quais também
um dia já foram crianças.
E é importante que saibam os legisladores, dos mais cultos aos mais
humildes: a IDEOLOGIA de GÊNERO, camuflada sob o falso argumento de preservar
da discriminação as variadas opções sexuais dos indivíduos, é sim, uma
ideologia que, uma vez introduzida no sistema educacional, destruirá o direito
natural de uma criança descobrir-se a si mesma – como a natureza a fez – no
tempo oportuno da maturidade atingida. Ou mesmo para optar de modo contrário à
regra natural, se assim o desejar, quando tiver condições físicas, mentais e
espirituais de decidir isso por si mesma, na fase adulta. Jamais, entretanto,
isso lhes seja violentamente imposto por um consenso social sem bom senso,
visto que, enquanto crianças, elas permanecem reféns dos limites patentes de
seu processo de desenvolvimento.
Pergunto-me: onde está o BOM SENSO – que quer formar consenso – mas,
que não é capaz de enxergar algo tão primariamente óbvio?
Antecipo-me aos eventuais contra-argumentos desonestos que costumam
surgir para confundir o raciocínio lógico: essa missiva NÃO é um protesto discriminatório ou homofóbico. Sequer me valho de
argumento pautado na crença religiosa.
E, a despeito de minha condição como religioso convicto por votos
professos como padre e monge, como estou falando a partir do meu lugar de
cidadania, eu reafirmo: não parto da minha crença, mas da pura e simples lógica
racional. A natureza nos precede, nos constitui e nos impõe um dever de
escutá-la.
E deste lugar comum ao BOM SENSO indicado pelo inequívoco da natureza,
comum a todos nós, brasileiros, que me permito dizer: que cada adulto use suas
genitálias como julgar e escolher, isto não me diz respeito. Não é da minha
conta. Nem da conta dos cidadãos comuns. Embora não seja também meu conselho.
Mas outra coisa bem diferente é, com o patrocínio dos nossos
representantes democraticamente eleitos, que aqueles que fazem escolhas sexuais
distintas de suas condições genéticas e biológicas, venham impor tal
comportamento aos nossos filhos. Inclusive aos filhos dos legisladores. Se há
quem deseja fazer como queira com sua identidade sexual, criando gêneros
alternativos, ou que queiram viver de modo independente sua sexualidade, que o
façam como bem o entenderem, mas, entre quatro paredes privadas, longe dos
olhos de quem não quer saber da intimidade alheia. Repito: eu não daria tal
conselho. Mas não se publique a permissividade adulta diante dos olhos ainda
cândidos de nossas pequeninas crianças.
Que não sejam as quatro paredes das salas de aula no ensino
fundamental, sobretudo, o lugar usado para propaganda ideológica de uma escolha
restrita e individual, não coletiva. Afinal, é disto que se trata a tal
IDEOLOGIA DO GÊNERO: uma propaganda ideológica, não um serviço educacional. Não
é responsável nem sadio incitar as crianças a uma opção precoce que é muito
mais ideológica do que psicológica, fisiológica ou espiritual.
Vou terminar fazendo dois apelos.
O primeiro apelo à consciência dos legisladores que creem em Deus e
têm Temor ao Altíssimo:
·
Senhores
Legisladores - não submetam seus filhos e filhas e os filhos e filhas da sua cidade,
do seu estado e do seu país, a essa ditadura da IDEOLOGIA DO GÊNERO, que imporá
à mente ainda frágil das crianças um princípio contrário à moral de sua crença
e ao seu Temor pessoal a Deus.
O segundo apelo à consciência dos legisladores que NÃO creem em Deus ou que preferem não
afirmá-lo, para respeitar a regra democrática do estado republicano, laico:
·
Senhores
Legisladores - não submetam seus filhos e filhas e os filhos e filhas da sua
cidade, do seu estado e do seu país, a essa ditadura da IDEOLOGIA DO GÊNERO,
que imporá à mente frágil das crianças uma opção precoce que violenta o direito
natural delas de, por primeiro, amadurecerem progressivamente o desenvolvimento
físico, psicológico e espiritual, para, quando adultas, escolherem se seguirão
suas vidas sexuais concordando com a potência da regra genética que as criou
(necessariamente resultante da união de dois sexos diferentes) ou se optarão
caminhos diferentes por aquele livre arbítrio que cada qual tem o direito de
gozar quando adulto, sem a tutela da família, do estado ou da religião, quando
assim se deseja (e que se respeite também o desejo livre dos cidadãos que
queiram ser tutelados pela família, respeitando o estado e suas crenças
religiosas e filosóficas, se assim o desejam).
Por fim, seja devido às razões da força peremptória da natureza com
suas regras imutáveis ou devido à razão de respeito e temor à autoria do Divino
Criador, todos os legisladores devem ter diante de si ao menos um desses
critérios do juízo universal da própria sociedade, que é implacável quando percebe
que fora enganada. E jamais se esqueçam de que, além do mais, terão de prestar
contas aos eleitores e à história por seus atos públicos.
Frei Flávius
Antes de ser cristão,
cidadão!
Por ser cidadão, com
direito constitucional de ser cristão!
23 de Junho de 2015