Dois escândalos sacudiram a internet nestes últimos dias. O primeiro
deles foi a descoberta de que a mentalidade capitalista havia estendido aos
bebês o aproveitamento total que já dispensava aos bois, de que, diz-se, só não
se aproveita o suspiro. A Planned Parenthood, multinacional americana do aborto
(aqui conhecida como Benfam), descobriu-se,
vende pedaços e peças sortidas dos bebês que mata. É possível encomendar, por
exemplo, fígados, articulações, rins, o que se quiser. Foram três vídeos
filmados em segredo, em que diretores da indústria da morte foram flagrados
falando abertamente sobre como aprimoraram suas técnicas de coleta de partes de
bebês. Uma amiga, fortemente pró-aborto, ao ver isso, comentou que parecia algo
vindo de um filme de terror. A outra notícia escandalosa, contudo, deixou no
chinelo o filme de terror. Ao contrário da primeira notícia, que valeu até
mesmo editoriais de jornais supostamente sérios condenando... quem filma em
segredo (!) e procurando livrar a Planned Parenthood de sua evidente
responsabilidade, a outra notícia teve reação unânime. O presidente dos Estados
Unidos não se manifestou (como o fez em favor da Planned Parenthood, aliás),
creio eu, mas gente que se manteve completamente calada no primeiro escândalo
pediu até a pena de morte para o culpado do segundo. Não sem antes, claro,
dizer que é normalmente contra a pena capital. Há uma deformação gravíssima na
forma de pensar da sociedade em que vivemos.
Este escândalo espantoso foi a morte de um leão de pelame pouco usual,
atraído por caçadores para fora da reserva natural onde vivia, no Zimbábue. Um
dentista americano pagou US$ 55 mil pelo
“privilégio” de matar o bicho. Ainda que o trauma que todos normalmente temos
de dentistas já nos predisponha a condenar fortemente o moço, convenhamos, há
uma diferença substancial entre gastar uma pequena fortuna para matar um animal
inocente e ganhar uma imensa fortuna matando bebês ainda mais inocentes e
vendendo os pedaços para quem der mais. A diferença entre as reações tíbias dos
bem-pensantes ao primeiro escândalo e a veemência com que se manifestaram
acerca do segundo fez aparecer, nua e crua, uma deformação gravíssima da forma
de pensar da sociedade em que vivemos. Seu altíssimo grau de decadência fez com
que ressurgissem algumas das piores características do paganismo, como o
desprezo pelo valor da vida humana – valor esse que a Igreja, ao longo dos
últimos 2 mil anos, conseguiu incutir como elemento essencial da civilização. Quando
algo tão essencial se perde – e vemos isso não apenas no aborto e na eutanásia,
como no horrendo aproveitamento comercial de restos mortais –, a sociedade só
tende ao caos e à dissolução de todo valor humanístico. Em breve veremos a
volta da escravidão, se é que ela já não está presente algures.
Por Carlos Ramalhete.
P.S.:
recebemos por email esta notícia. É bom ter
conhecimento daquilo acontece no
comércio do
aborto, esse crime hediondo, como já postamos
em outro artigo.
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